Charge do Henfil!
Quem pode estar presente na UNILAB hoje, o primeiro dos dois dias que marcam os 50 anos do Golpe que inaugurou um dos períodos mais obscuros da vida e política brasileira, pode presenciar toda a força da unidade e da organização da categoria dos servidores TAE de nossa instituição. Como consequência das discussões erguidas ao longo da última semana e do últimos acontecimentos, nossa categoria decidiu, por unanimidade dos presentes na Assembléia de hoje (31/03), inaugurar em nossa luta um modelo gestão da greve baseado na máxima expressão de um sentimento comunitário e participativo: a DEMOCRACIA DIRETA.
A DEMOCRACIA DIRETA na gestão da greve da Unilab é fruto de uma conclusão coletiva (embrionária já na greve de 2011, rediscutida desde a semana passada e reiterada hoje) de que o COMANDO LOCAL DE GREVE não teria uma função representativa, porém apenas organizadora dos momentos coletivos.
Tal decisão, no entanto, quase chegou a um colapso quando os dirigentes da instituição, desde a última sexta-feira, insistiram em sentar-se exclusivamente com o Comando Local de Greve, entendendo este com um pequeno número de pessoas e, assim, desconsiderando (ou desconhecendo) a decisão da categoria de não centralizar nenhuma representação nas mãos de apenas uns poucos. A insistência da gestão pela indicação de um número de pessoas limitado, no entanto, teve como consequência uma saída coletiva e criativa por parte de nossa categoria, que decidiu, desta forma, que TODOS os servidores técnicos-administrativos da UNILAB que aderirem a greve, a partir de então, comporão o Comando Local de Greve.
Com base no fato de todos os servidores TAE da Unilab juntos não somarem a metade do quantitativo de servidores em outros CLG´s citados como exemplo; com base nas experiências históricas (internacionais, nacionais, regionais) de perseguição nominal ou cooptação de CLG´s em outros contextos; com base na percepção coletiva da capacidade e qualificação do quadro de servidores TAE de nossa Universidade; com base na certeza de que individualmente ou coletivamente somos, os servidores TAE da UNILAB, agentes de nossa própria história e, por isso, não precisamos reproduzir experiências, modelos ou formas fracassadas e/ou fragilizadas de movimentos sociais e/ou políticos; decidimos, os TAE da UNILAB, pela opção inteligente e, para muitos, surpreendente, da Democracia Direta.
Henfil e tantos outros que sonharam com isso em tempos de Ditadura Militar dariam sorrisos e abraços fraternos nos TAE da UNILAB hoje. Fizemos valer, em nosso âmbito, cada dor sofrida em prol da consolidação e ampliação da Democracia em nosso país. Optamos por experimentarmos uma, senão nova, pelo menos diferente forma de se fazer política, com implicação pessoal, coletividade e participação direta. Com diálogo, criatividade e resolutividade.
Somos Técnicos-administrativos em Educação da UNILAB e estamos de parabéns por acreditamos que podemos fazer valer maior respeito a nossa categoria, melhores condições de trabalho e o desenvolvimento da educação pública e gratuita no Brasil, nosso Estado e no Maciço de Baturité! Estamos de parabéns por não termos medo de inovar e consolidarmos nossas decisões coletivas. De parabéns por provarmos a todos e, principalmente, a nós mesmos, que formas diferentes de se fazer política são possíveis e que acreditamos na ampliação da capacidade do Ato Democrático nas instâncias de organização e luta dos trabalhadores e minorias de nosso país.
Weslay Mendonça, psicólogo.
Técnico-administrativo em Educação da UNILAB
Agora com uma sensação ainda maior de orgulho!
